segunda-feira, 14 de novembro de 2011




Deixei os óculos em cima da mesa, logo em que cruzei a página do livro em que relatava a parte constrangedora de dois amantes, sob nudez explícita do qual eu não me afeiçoava.
Tratei de me levantar da cama, pois já era o segundo dia em que estava vegetando.
A história já não era mais a mesma, meu corpo entresilhado e desnutrido de má alimentação, já me supunha no máximo 50 anos de vida, tabaco e bebida em demasia.
Eu não me aceitava, amigos eu não tinha mais, enjoei de amantes, de sexo ocasional, de selvageria. Tudo parecia completar um sentido inexistente da minha virtude infantil.
Não sentia mais indigência de ser tocada, não sentia mais excitação lendo romances explícitos, coloquiais e modernos. Era uma necessidade súbita de ser subjetiva arquitetada como inalcançável perfeição.
Diante das circunstâncias, já me habituara a ser tratada como puta, de programa ligeiro e logo no dia seguinte já não se sabe da minha existência.
Não denoto tempo para isso, pois há de se convir que puta eu não seja, ainda que na modernidade tudo se entorne para o liberalismo exacerbado. Chega!
Perdi meu autocontrole, depois do ultimo relacionamento, me perdi entre pernas e braços de qualquer um, de um não, de vários. Meus devaneios se recuaram contra mim, diverti de tal forma como nunca me divertira, mas voltei como um naco de papel rascunho, como se escrevessem de qualquer forma, qualquer coisa e depois simplesmente jogaram fora, senti e sinto um vazio extenso que não me diverte mais. Abrir as pernas pra qualquer um nunca fez parte do meu feitio, mas é que agora eu estava de saco cheio dessa fábula de amor. Desde quando isso se tornara real? Que eu me lembre nunca. Sou um artigo e nada mais, mercadoria banal de praça. Escritora miserável, falida de amor e princípios.

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