sexta-feira, 11 de março de 2011





Versos de lamúria

E das pálpebras trêmulas
Desfez-se num olhar castiço o teu desvairo.
É a carência de uma alma afortunada
Não pranteie minha pequena...
Uma lágrima em teu rosto se resvala
Pelo passado não muito glorioso
Ao mundo deve-te tua vanglória.
Enquanto choras em teu leito acalentado,
Os outros riem de teus prantos,
Mas fingem ser ditosos.
De que adianta a vida ateada de prazeres
Se carrega em si o mais putrefato semblante?
Tenha pena deles, minha pequena...
Não se acolha em teu canto fúnebre,
Um dias terão teu desprezo.
Pobre é aquele que não quer ver
Se conforma, se contenta somente,
Com mãos insalubres que o afagam
Que o enchem de pecados, enquanto as tuas
Guardam a mais belo afeto.
É para um homem de palavra
Que irá contemplar aqueles olhos mortiços.
Deixe-o fingir que é venturoso,
Pois vai carregar pelo resto da vida
O esmorecer do arrependimento,
De ter deixado a ti um velho jazigo.
Onde há de escrever belos versos ao entardecer do dia...


                                                                                               Valesca A.Rennó

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